quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A Fallon é sem dúvida uma das melhores agências brasileiras. Os textos são impecáveis, a direção de arte é inteligente na medida. A comunicação com o público-alvo é fácil e imediata. Tremenda escola para criativos! Este anúncio da Carta Capital para os mídias das agências é um belo exemplo. Você lê e percebe que o cara pensou, fez, refez, lapidou o texto. Porque não sai na hora! Pode reparar a ordem das etapas do discurso aristotélico. Na introdução, o título já mostra a intenção do anúncio: a revista tem uma tiragem pequena e mesmo assim tem um poder enorme. Vem a narração no início do texto é nós sabemos que o público "pequeno" da revista é formado por pessoas de alto poder aquisitivo e cultural. As provas nos mostram por que anunciar na revista é uma boa estratégia: porque os leitores pertecem às classes A e B, são líderes empresariais e políticos, têm alta renda familiar etc. Depois vem a conclusão, o call to action, o convite à ação: anuncie em Carta Capital. Uma revista muito maior que a sua tiragem.

Só pra encerrar o meu blablablá, veja que depois do "anuncie em Carta Capital" há mais uma frase (uma revista muito maior que a sua tiragem). Isso se chama circularidade. A conclusão retoma a idéia iniciada no título, que continua na narração, se fundamenta nas provas e termina na peroração. A informação circula, se complementa. Como uma cobra que morde o próprio rabo. Nesse circuito fechado, o entendimento da mensagem pelo leitor é muito mais fácil.



Embora resumidas e até sobrepostas, todas as etapas do discurso aristotélico deliberativo, racional, estão presentes neste anúncio da DM9 DDB para a Brastemp. Tudo o que o leitor precisa saber inicialmente sobre a minilavadora está aí. Primeiro um título engraçado, estabelecendo que o recado é para as mulheres e que as peças íntimas terão o tratamento que merecem. Depois, a narração e as provas para fundamentar o que o título havia dito. Finalizando, a famosa assinatura "é assim uma Brastemp" completa a mensagem.









Os anúncios da Fallon para o Citibank fazem a festa de todo redator. Atenção para o discurso aristotélico utilizado no texto. Fácil de ler, interessante. Trabalho de gente grande. Digitei os textos abaixo de cada anúncio pra você poder ler. Divirta-se!

Um dos seus melhores amigos não dá a mínima para quanto dinheiro você tem.

Ninguém é louco de negar a importância do dinheiro.
Muito menos nós, que somos um banco.
Mas existem mais coisas na vida além dele.
E o Citibank entende isso.
Por isso, estamos sempre criando coisas práticas como o CitiPhone e Citibank Online para você pagar suas contas, fazer investimentos ou pegar empréstimos e mais um montão de etcéteras.
Assim, sobra mais tempo para você fazer coisas igualmente importantes, como, por exemplo, ler um bom livro, ligar para os pais ou levar um velho e fiel amigo para passear.
Citibank

Viu só o discurso aristotélico deliberativo aplicado no texto? A introdução é o título. A narração começa em "ninguém é louco" e vai até "E o Citibank entende isso." As provas começam em "Por isso, estamos sempre criando coisas práticas..." e acabam em "etcéteras." Por último, vem a conclusão, que tem início em "Assim, sobra mais tempo para você fazer coisas igualmente importantes... como levar um velho e fiel amigo para passear.

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